proposta de formação
O mundo contemporâneo traz enormes desafios à formação de professores, questionando e redefinindo o papel do professor. Para isso concorrem as novas concepções sobre a educação, as revisões e atualizações nas teorias de desenvolvimento e aprendizagem, o impacto da tecnologia da informação e das comunicações sobre os processos de ensino e aprendizagem, suas metodologias, técnicas e materiais de apoio.
Diante dessas novas demandas a formação do professor1 deve estar em sintonia com os princípios prescritos pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional/LDBEN, as normas instituídas nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a educação infantil, ensino fundamental e médio, bem como as recomendações constantes dos Parâmetros Curriculares Nacionais para a Educação Básica elaborado pelo Ministério da Educação.
Nesse sentido, a concepção formativa que fomenta o curso baseia-se em:
• atualizar e aperfeiçoar o currículo face às novas exigências;
• articular a formação com as demandas da realidade escolar na sociedade contemporânea;
• articular a formação com as mudanças em curso na organização pedagógica e curricular da educação básica brasileira, preparando os professores para serem os agentes dessas mudanças;
• melhorar a oferta de recursos bibliográficos e tecnológicos na instituição.
Nesse contexto, a formação como preparação profissional deve possibilitar que os professores se apropriem de determinados conhecimentos e que possam experimentar, em seu próprio processo de aprendizagem, o desenvolvimento das competências necessárias para atuar nesse novo cenário. A formação de um profissional de educação tem que estimulá-lo a aprender o tempo todo, a pesquisar e investir na sua própria formação.
Um tema de presença marcante no debate atual, nacional e internacional, é sobre a crise e a reconstrução da identidade de professor e a necessidade de se assumir a dimensão profissional de seu trabalho, em contraposição à visão de sacerdócio.
Atuar com profissionalismo exige do professor, não só o domínio dos conhecimentos específicos em torno dos quais deverá agir, mas, também, compreensão das questões envolvidas em seu trabalho, sua identificação e resolução, autonomia para tomar decisões, responsabilidade pelas opções feitas. Requer, ainda, que o professor saiba avaliar criticamente a própria atuação e o contexto em que atua e que saiba, também, interagir cooperativamente com a comunidade profissional a que pertence e com a sociedade. Para tanto, o domínio da dimensão teórica do conhecimento para a atuação profissional é essencial, mas não é suficiente. É preciso saber mobilizar o conhecimento em situações concretas, qualquer que seja a sua natureza.
onde atua o graduado de licenciatura em artes visuais?
Pretende-se que a formação profissional potencialize as condições de flexibilidade do mercado de trabalho do professor de Arte. Desta forma, podem os professores atuar não apenas na rede escolar de Educação Básica já existente, como são incentivados a contribuir para abertura de campo de trabalho do professor de Arte, através de escolinhas de arte, de oficinas de arte para adultos e idosos, para portadores de deficiências, cursos de computação gráfica, de programação visual, mediadores em Galerias e Museus de Arte, bem como em todo ...etc.
perfil do profissional egresso
A elaboração de um perfil para a formação dos futuros professores de artes visuais tem como intuito adequar-se às novas exigências legais previstas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n. 9.394/96, bem como às Diretrizes Curriculares Nacionais. Desta forma, o egresso do Curso de Artes Visuais, modalidade Licenciatura, deverá:
Ter competência específica para o exercício do magistério, como educador da área de artes, atuando nos diversos níveis da Educação Básica (na forma do Art. 21 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 9394/96;
Ser um apreciador de arte, capaz de fruição estética no que a ela se refere, em geral, e às artes visuais em especial, com uma formação cultural e humanística, sensível a todas as formas de manifestação artística;
Compreender a arte como forma de conhecimento;
Ser capaz de compreender os fenômenos artísticos (eruditos e populares) e tecnológicos ligados à visualidade;
Desenvolver a capacidade de analisar criticamente as produções artísticas de sua época e suas aplicações no processo comunicativo;
Ser capaz de defender o espaço da arte nas escolas, através da sua atuação competente e transformadora, implementando o processo de democratização do acesso ao conhecimento das manifestações artísticas;
Ter consciência da importância do seu papel como educador, e estar preparado para permitir que seus alunos desenvolvam o potencial crítico e criativo;
Ser capaz de utilizar diferentes recursos didáticos no cumprimento de sua tarefa de educador;
Ser capaz de propiciar o desenvolvimento das capacidades expressivas, criativas e comunicativas do aluno, a partir do contexto social, econômico e cultural;
Ser capaz de propor atividades artísticas e suas diferentes formas de aplicação, respeitando o desenvolvimento corporal, psico-motor e afetivo dos seus alunos;
competências e habilidades
O curso de Artes Visuais, modalidade Licenciatura, deve assegurar ao professor uma prática-teórica do saber e do fazer artístico conectada a uma concepção de arte e de ensino da arte na perspectiva da construção do conhecimento e a consistentes propostas pedagógicas e, ainda, a formação de um professor agente de seu próprio desenvolvimento, desempenhando um papel ativo na formulação tanto dos propósitos e objetivos de seu ensino como dos meios para atingi-los.
Assim, apresentam-se as seguintes competências docentes as quais deverão ser contempladas na formação do PROFESSOR DE ARTE, adequadas e/ou contextualizadas pelas competências específicas necessárias ao curso:
Competências docentes relacionadas à prática profissional:
- Dominar os conteúdos a serem ensinados, os objetivos a serem alcançados além de suas transposições didáticas;
- Distanciar-se da dicotomia entre a teoria e a prática do ensino artístico;
- Organizar, dirigir e avaliar situações de aprendizado artístico diversas;
- Realizar planejamentos das aulas e as seqüências dos mesmos;
- Apresentar-se disposto a modificar e refazer os planejamentos sempre que necessário;
- Realizar a avaliação dos alunos do tipo longitudinal, ou seja, no decorrer de todo o processo de desenvolvimento dos mesmos.
- Trabalhar sob uma preceptiva educacional afetiva, cognitiva, psico-motora e cultural;
- Contextualizar o ensino de arte oferecido com os contextos sócio-econômico-cultural dos alunos;
Competências docentes relacionadas à aprendizagem dos alunos:
- Proporcionar maior envolvimento possível dos alunos nas atividades propostas pelo professor e desenvolvidas pelos alunos;
- relacionar as vivências estéticas dos alunos, ocorridas dentro e fora da aula, ao ensino da arte;
- incentivar a participação dos alunos na aula de artes;
- incentivar um olhar mais crítico dos alunos sobre a realidade artística que os cerca e sobre obras e artistas que não conhecem;
- motivar o comprometimento do aluno no processo de sua própria aprendizagem;
- possibilitar ao aluno diversas oportunidades de vivências estéticas;
- despertar e aguçar os alunos para a arte;
- propiciar envolvimento dos alunos em atividades curriculares e extracurriculares, dentro e fora dos ambientes da instituição de ensino;
- motivar a participação e envolvimento das famílias dos alunos nas atividades de artes desenvolvidas;
Competências docentes relacionadas às instituições de ensino:
- compreender as formas de estruturação do sistema educacional de ensino;
- reconhecer em sua prática pedagógica a função social da escola;
- atuar politicamente na instituição onde trabalha;
- fundamentar suas decisões políticas e pedagógicas;
- fundamentar a importância da aula de artes na educação do ser humano.
3 BIASOLI, Carmen L. A. A formação do professor de arte: do ensaio...À encenação. Campinas: Papirus, 1999, p.204.